Asma Grave

Quando a asma
piora no trabalho…

Algumas pessoas percebem que a sua asma piora no trabalho. Se este for o seu caso, converse com o seu médico. Consultar um especialista pode ser útil para perceber se a sua asma afinal se trata de asma ocupacional, ou seja resultante da exposição relacionada com o seu ambiente de trabalho.

No dia a dia

O que é, afinal, a asma ocupacional?1

Trata-se de uma doença pulmonar causada ou agravada por exposições a substâncias no local de trabalho. As exposições comuns, que podem ocorrer tanto por inalação (respiração) quanto por contato com a pele, incluem:

PRODUTOS QUÍMICOS

POEIRA E PÓ

MOFO

ANIMAIS E PLANTAS

Quando começam os sintomas?

Os sintomas da asma podem ter início logo no local de trabalho ou várias horas após a saída do trabalho e podem mesmo acontecer sem um padrão claro. Além disso, é bom salientar que pessoas que nunca tiveram asma podem desenvolver asma em consequência de exposições no local de trabalho. Por outro lado, quem vive com asma há vários anos, é frequente ver a sua condição piorar devido às exposições no local de trabalho. Ambas as situações são consideradas asma ocupacional.
Um grupo de produtos químicos chamados isocianatos são uma das causas químicas mais comuns de asma ocupacional.

O que pode provocar a asma ocupacional?

A asma relacionada com o trabalho pode resultar em graves problemas pulmonares, absentismo laboral, incapacidade ou até mesmo morte. A boa notícia é que o diagnóstico precoce e o tratamento da asma relacionada com o trabalho podem levar a melhores resultados de saúde. Se acha que este pode ser o seu caso, consulte o seu médico o mais rápido possível para um diagnóstico preciso.

Factos sobre a asma relacionada com o trabalho

A asma relacionada com o trabalho pode desenvolver-se em qualquer período de tempo (dias a anos).
Pode ocorrer com mudanças nas exposições de trabalho, empregos ou processos.
É possível desenvolver asma ocupacional mesmo que no seu local de trabalho tenham equipamentos de proteção, como exaustores ou respiradores.
A asma ocupacional pode continuar a causar sintomas mesmo quando a exposição cessa.
Se precisar de trabalhar com isocianatos ou quaisquer outras substâncias causadoras de asma, peça uma formação ao seu empregador.

Produtos e tipos de trabalho em que pode ocorrer exposição a isocianatos1

Produtos comuns

Espuma de poliuretano

Tintas, lacas, tintas, vernizes, selantes

Materiais de isolamento

Borracha de poliuretano

Colas e adesivos

Tipos de trabalho

Fabrico e reparação de automóveis

Trabalhos de fundição

Fabrico de têxteis, borracha e plástico e fabrico de móveis

Construção civil (gesso, isolamento)

Impressão e pintura

1 Occupational Safety and Health Administration, U.S. Department of Labor (https://www.osha.gov/sites/default/files/publications/OSHA3707.pdf).

Mesmo que se sinta bem, faça um check-up 2/3 vezes por ano

Apesar de considerar que tem a sua asma controlada, convém consultar o seu médico pelo menos 2/3 vezes por ano. Um profissional de saúde é o seu parceiro ideal no controlo da asma e só ele poderá certificar que está realmente tudo sob controlo e mesmo esclarecer alguma dúvida.1

No dia a dia

Coloque todas as suas dúvidas!

  • Em primeiro lugar, aproveite a consulta para colocar todas as dúvidas, mesmo que pareçam disparatadas (há quem diga que não há perguntas disparatadas…).
  • Além disso, informe o médico sobre quaisquer problemas relacionados com a asma ou com os medicamentos para a asma que está a tomar.1
  • A asma é uma condição que pode melhorar ou piorar ao longo dos anos e atualmente existe uma variedade enorme de medicamentos para o seu controlo e tratamento.
  • Esta é a oportunidade para o médico poder verificar a forma como utiliza os seus inaladores ou se existe algum outro fator que possa estar a agravar a sua asma. Inclusivamente, o médico poderá sugerir mudar o/s tratamento/s para asma que habitualmente faz.1

Medir a capacidade respiratória é fundamental

É também importante medir a sua capacidade respiratória de forma regular. Isso pode ser feito com um medidor de fluxo de pico simples, mas é sempre melhor realizar um teste respiratório de espirometria, pois é mais preciso.1 Se o médico de família concluir que afinal o controlo da sua asma não é tão bom quando pensava, apesar de tomar os seus medicamentos de uma forma correta e regular, este provavelmente precisará encaminhá-lo para um especialista (pneumologista ou imunoalergologista).

Por fim, é de salientar que existem atualmente novos tratamentos para asma administrados via subcutânea que podem ser muito úteis para doentes com ataques frequentes de asma que requerem o uso de corticosteroides.1

No dia a dia

Dirija-se a uma urgência médica se…

  • O seu medicamento de alívio rápido já pouco ou nada ajuda.
  • A respiração permanece rápida e difícil.
  • É difícil falar por causa da asma.
  • Os lábios ou as unhas estão acinzentados ou azuis.
  • O nariz se abre quando respira.
  • A pele é puxada ao redor das costelas e do pescoço quando respira.
  • O batimento cardíaco ou pulso é muito rápido.
  • É difícil andar.

1 GINA Patient Guide 2021 - You can control your asthma, based on the Global Strategy for Asthma Management and Prevention

Desenho de mulher grávida com as mãos na barriga

ESTÁ GRÁVIDA? SAIBA COMO LIDAR COM A ASMA NESTA FASE TÃO ESPECIAL

A gravidez é um momento de grande alegria para a maioria das mulheres, mas também pode ser um período de enorme ansiedade e preocupação, especialmente para aquelas que têm asma. Se é o seu caso, saiba o que fazer nesta fase para viver a sua gravidez o mais feliz possível e sem complicações de maior!

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), a gravidez é por si só “um tempo de grande stress físico e emocional, o que se acentua se a grávida tem asma, especialmente se a doença não estiver controlada”. Segundo a sociedade médica, “aproximadamente um terço das mulheres pioram da sua asma durante a gestação, um terço melhora e um terço não sofre alterações”, sendo que “a evolução em gestações sucessivas é habitualmente, mas nem sempre, igual à primeira”. De qualquer forma, o que é realmente importante saber é que “o curso da sua asma pode alterar-se durante a gestação e que, por este motivo, a mulher grávida deve ser seguida com maior frequência pelo seu médico especialista, de modo a ajustar as medicações à evolução clínica”, aconselha a SPAIC.

QUAIS OS RISCOS PARA A SAÚDE DA MÃE E DO FETO?

Durante a gravidez, a asma pode representar um risco para a saúde da mãe e do feto, tornando fundamental um controlo adequado da doença. Está demonstrado que a asma mal controlada durante a gravidez pode aumentar o risco de complicações1-4, nomeadamente de:

  •  Pré-eclâmpsia: As mulheres com asma mal controlada durante a gravidez têm um risco aumentado de desenvolver pré-eclâmpsia, que se carateriza por hipertensão arterial e perda de proteínas na urina. Isso deve-se à inflamação sistémica causada pela asma, que pode afetar a função dos vasos sanguíneos.5
  •  Parto prematuro: O parto prematuro, que ocorre antes da 37.ª semana de gestação, pode resultar em complicações para o feto, como problemas respiratórios e neurológicos. Vários estudos têm sugerido que a asma mal controlada durante a gravidez pode aumentar o risco de parto prematuro em comparação com mulheres sem asma ou com a asma bem controlada.6
  •  Baixo peso do bebé ao nascer: Está demonstrado que a asma mal controlada durante a gravidez pode aumentar o risco de baixo peso ao nascer dos bebés das grávidas que não têm a sua asma controlada, em comparação com aquelas sem asma ou com asma bem controlada.7 Considera-se baixo peso ao nascer aquele que está abaixo dos 2.500 gramas, podendo acarretar complicações para o feto, nomeadamente problemas neurológicos e respiratórios.

Tratamento, salvo indicação em contrário, é para manter

É frequente muitas asmáticas, por medo, suspenderem a sua medicação de controlo quando sabem que estão grávidas, o que além levar ao agravamento da asma e o surgimento de crises agudas, é um procedimento desadequado e muitas vezes desnecessário. Atualmente, “sabe-se que advém maior risco para a mãe e para o feto de uma asma mal controlada do que do uso dos medicamentos usados para tratar a doença” e como tal, recomenda a SPAIC, “os medicamentos a usar durante a gravidez não são diferentes e a estratégia terapêutica deve ser igual à utilizada previamente, sendo essencial que estes sejam prescritos e monitorizados pelo seu médico”.

Monitorizar o tratamento é fundamental

Por todos estes motivos, é fundamental que as mulheres grávidas com asma consultem regularmente o seu médico para monitorizar a sua condição e ajustar o tratamento, se necessário. Além disso, esta é uma oportunidade importante para discutir com o médico quaisquer preocupações e perguntas que possam ter sobre a sua condição e a medicação. De acordo com a SPAIC, “é aconselhável vigiar cuidadosamente o bem estar do feto durante a gravidez, recomendando-se a realização de ecografia entre as 16 e as 18 semanas em todas as asmáticas grávidas”. Depois, “as avaliações posteriores devem ser ponderadas face ao estado da mãe e do feto”. Por outro lado, é fundamental que as mães que sigam com grande atenção os movimentos fetais a partir das 26 semanas e comuniquem imediatamente ao obstetra se notarem alguma anomalia.

Para as mulheres grávidas com asma mal controlada, “o médico pode também recomendar a realização de testes pulmonares e ajustar o tratamento para garantir que a condição esteja bem controlada”. Por fim, é importante que as mulheres evitem desencadeadores de asma, como fumo de tabaco, poluição do ar, ácaros e mofo, sempre que possível.
Com o tratamento adequado e um estilo de vida saudável, a maioria das mulheres grávidas com asma pode ter uma gravidez saudável e um bebé saudável!

1 Wang H, et al. Asthma in Pregnancy: Pathophysiology, Diagnosis, Whole-Course Management, and Medication Safety. Can Respir J. 2020 Feb 22;2020:9046842. doi: 10.1155/2020/9046842. PMID: 32184907; PMCID: PMC7060439.
2 Vatti R.R., et al. Asthma and Pregnancy. Clinic Rev Allerg Immunol 43, 45–56 (2012). https://doi.org/10.1007/s12016-011-8277-8.
3 Subbarao P, et al (2009). “Asthma: epidemiology, etiology and risk factors.” CMAJ.http://www.cmaj.ca/content/181/9/E181.full.pdf+html.
4 American Lung Association - hhttps://www.lung.org/lung-health-diseases/lung-disease-lookup/asthma/managing-asthma/asthma-and-pregnancy.
5 Hooman Mirzakhani, et al. Impact of Preeclampsia on the Relationship between Maternal Asthma and Offspring Asthma. An Observation from the VDAART Clinical Trial, https://doi.org/10.1164/rccm.201804-0770OC, PubMed: 30153046, Received: April 24, 2018, Accepted: August 27, 2018

O efeito da asma na prática desportiva

O exercício físico é uma das principais recomendações para prevenção de várias doenças, assim como para um estilo de vida mais saudável. Neste mês em que celebramos o Dia Mundial da Atividade Física, assim como o Dia Internacional do Desporto, vamos responder a algumas questões que impactam a prática desportiva, quando uma pessoa vive com asma.

A asma é uma doença provocada pela inflamação das vias aéreas, que afeta cerca de 262 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.1 Em Portugal, de acordo com a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), estima-se que afete 700 mil pessoas, 57% das quais sem o devido acompanhamento. Sendo uma doença crónica e não curável, este mesmo acompanhamento torna-se bastante importante, de modo a permitir uma vida normal.

Longe vão os tempos em que se pensava que a asma era impeditiva para a prática de exercício físico. Apesar de ser uma condicionante, atualmente conhecemos vários exemplos de futebolistas, como David Beckham ou Deco, ou a maratonista Rosa Mota, que foram desportistas de alta competição durante muitos anos sem que a asma fosse impedimento.

Será que isto é sinal que uma pessoa asmática pode exercitar-se de qualquer modo, sem consequências? Vamos por partes.

Desenho de homem a correr e segurar inalador na mão

A relação entre a asma e o exercício físico

Sendo a asma uma doença que afeta as vias respiratórias, a sua associação negativa ao desporto existirá sempre. E, de facto, este é um dos principais gatilhos para ataques de asma, sobretudo quando são de maior intensidade. Estes ataques, quando ocorrem durante o exercício físico e exibem sintomas como tosse ou sensação de aperto no peito, denominam-se de Asma Induzida pelo Exercício, situação que afeta também pessoas não asmáticas.2

No entanto, o desporto continua a ser essencial para a manutenção de um estilo de vida saudável, havendo formas de ajudar a controlar os sintomas, como por exemplo, fazendo uma utilização correta da medicação recomendada e prescrita pelo médico. A prática de exercício físico pode também trazer vários benefícios para pessoas asmáticas, entre os quais2-4:

  •   Aumento da resistência;
  •   Redução da inflamação;
  •   Diminuição dos sintomas de asma.

Cuidados a ter

O primeiro fator a ter em conta será sempre o planeamento com o médico, de modo a delinear um plano de ação e saber o que fazer antes, durante e depois do exercício, assim como qual a medicação a tomar, o exercício a praticar, a carga do mesmo e ainda o que fazer quando se sofre um ataque de asma. É importante a prática de exercício ser adequada à pessoa em questão.4

Normalmente, a toma da medicação é recomendada antes dos treinos, uma vez que se prevê que ajude a proteger dos sintomas durante as 2h-3h seguintes. Um bom aquecimento também é importante para ajudar o corpo a ajustar-se à intensidade do exercício.5

Já um fator externo a ter em conta será o tempo ou estação do ano. Em dias mais frios é recomendada a prática de exercício num espaço fechado, ou pelo menos bem agasalhado, utilizando uma máscara por exemplo. Durante a Primavera, a quantidade de alergénios no ar pode facilmente provocar ataques de asma, recomendando-se também evitar a prática de desportos ao ar livre. Em caso de doenças que afetem o sistema respiratório, como a gripe, esta prática também deve ser evitada.4,5

Quais os exercícios mais adequados?

Responder a esta questão é complicado. Na verdade, não há nenhum tipo de exercício que não possa ser realizado por pessoas asmáticas. Contudo, isto não significa que não existam alguns mais adequados que outros, dependendo dos fatores referidos anteriormente, como o clima ou a condição física da pessoa.

Um dos desportos mais recomendados é a natação, uma vez que ocorre num ambiente mais húmido e quente, ajuda a desenvolver os músculos respiratórios e a posição horizontal ajuda na expulsão de muco. Para além disto, desportos que alternam períodos curtos de intensidade com intervalos, tais como o ténis ou o futebol, poderão também ser mais adequados.

Do outro lado do espetro, podemos encontrar desportos como corrida de longa distância, ou outros desportos ao ar livre que obriguem a uma atividade intensa constante, podendo facilitar a ocorrência de exacerbações.6

Apesar de ser um dos principais fatores para desencadear ataques de asma, o exercício físico, desde que seja realizado de forma controlada, pode ser uma mais-valia para uma vida mais saudável para as pessoas asmáticas.

1 World Health Organization. Physical activity. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/physical-activity (2022).
2 Gerow, M. & Bruner, P. J. Exercise Induced Asthma. StatPearls (2023)
3 Lang, J. E. The impact of exercise on asthma. Curr. Opin. Allergy Clin. Immunol. 19, 118-125 (2019).
4 Côté, A., Turmel, J. & Boulet, L.-P. Exercise and Asthma. Semin. Respir. Crit. Care Med. 39, 019-028 (2018).
5 Boulet, L.-P. & O'Byrne, P. M. Asthma and Exercise-Induced Bronchoconstriction in Athletes. N. Engl. J. Med. 372, 641-648 (2015).
6 Del Giacco, S. R., Firinu, D., Bjermer, L. & Carlsen, K.-H. Exercise and asthma: an overview. Eur. Clin. Respir. J. 2, 27984 (2015).